Origens do pensamento revolucionário latino-americano: Cuba, Argentina e México

origens do pensamento
Guerra pela independência de Cuba

Por Mariana Ferraz

Fabio Luis Barbosa dos Santos utilizou o método comparativo em sua obra Origens do pensamento e da política radical na América Latina, publicada pela Editora da Unicamp. Doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo, o autor compara o nascimento, a evolução e a frustração de três projetos de democratização radical na América Latina do final do século XIX e início do XX: a guerra da independência em Cuba, a reforma política na Argentina e a Revolução Mexicana.

Nesse sentido, Barbosa dos Santos percorre caminhos teóricos e de ação política de três grandes intelectuais latino-americanos: o cubano José Martí, o argentino Juan B. Justo e o mexicano Ricardo Flores Magón, dirigentes, respectivamente, do Partido Revolucionário Cubano, do Partido Socialista da Argentina e do Partido Liberal Mexicano. Os pensamentos e as ações de tais intelectuais, embora em países com contextos distintos – Cuba caminhando para o neocolonialismo; Argentina diante de maior integração nacional; e a revolução social irrompendo em solo mexicano –, tiveram um objetivo comum: a sujeição da expansão capitalista aos propósitos e às necessidades da comunidade nacional.

O objetivo da obra não é o de indicar equívocos nas ações e ideias políticas dos atores, muito menos o de explicar o que levou os três projetos que buscavam a superação da dependência e a democratização social à frustração. Seu principal interesse foi “identificar as raízes ideológicas que informam a problemática dos autores, o diálogo que entabulam com as tendências políticas contemporâneas e a relação antitética estabelecida entre as práticas correntes e os conceitos herdados com o pensamento e a estratégia política inovadora que avançam”, partindo da hipótese de que “a aproximação entre os três casos indica as balizas que referenciavam a máxima consciência possível da militância radical no continente naquela conjuntura”. Isto é, tal qual o título do livro, a ideia é identificar as origens do pensamento e da política radical na América Latina.

A obra está estruturada em três partes. A primeira advém do problema no qual os três países latino-americanos estavam inseridos: a formação nacional sob um horizonte imperialista. Em seguida, são reconstituídos os ideários que deram base a projetos políticos radicais em Cuba, na Argentina e no México. A terceira e última parte dá entrada ao exercício comparativo, em que são levantadas semelhanças e diferenças ideológicas e políticas a fim de revelar a gênese do pensamento revolucionário latino-americano.

Ainda que as tentativas de democratização radical da época tenham tomado rumos insatisfatórios do ponto de vista revolucionário, elas produziram, de uma maneira ou outra, efeitos no ideário político e social que avançou ao longo dos anos nos países em questão. Indiretamente, as ações e os projetos políticos dos intelectuais citados na obra de Fabio Luis Barbosa dos Santos contribuíram para a irrupção da Revolução Cubana em 1959, para a construção de uma tradição socialista sólida na Argentina e para o levante do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) no México, em 1994. A permanência histórica de legados revolucionários revela-se central para construirmos estratégias tendo como horizonte a emancipação da América Latina.

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Origens do pensamento e da política radical na América Latina
Autor: Fabio Luis Barbosa dos Santos
ISBN: 978-85- 268-1332- 8
Edição: 1ª
Ano: 2016
Páginas: 304
Dimensões: 14×21

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