A Coleção Várias Histórias completa 20 anos!

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Luisa Ghidotti Souza

Em uma iniciativa do Centro de Pesquisa em História Social da Cultura (Cecult), a Editora da Unicamp lançou, em 1999, o primeiro volume da coleção Várias Histórias. A obra Orfeu de carapinha, de Elciene Azevedo — que remonta, a partir de dados coletados, a vida e a morte de Luiz Gama —, desvenda informações sobre a escravidão no Brasil até então pouco exploradas.

Todos os outros 45 volumes da Coleção seguem a mesma linha: apresentam dados e análises para desvelar fatos históricos polêmicos acerca da cultura do Brasil em sua relação com os estudos africanistas, a fim de narrar a trajetória do país a partir de uma perspectiva da história social. Dessa maneira, cada volume traz um novo recorte das colônias e do Brasil pós-abolicionista, investigando identidades, tradições, conflitos e práticas que estavam até o momento silenciados ou desconhecidos nos registros históricos prestigiados pela academia e pela escola.

Desde Orfeu de carapinha até Escritos de Liberdade: Literatos negros, racismo e cidadania no Brasil oitocentista, de Ana Flávia Magalhães Pinto (2018), último título publicado pela coleção e finalista do 5º Prêmio ABEU que ocorrerá em novembro, foram muitos os temas detalhados nas obras. O leitor encontra dentre os conteúdos da coleção informações acerca da história da escravidão e da liberdade, história do trabalho (num recorte temporal mais próximo dos séculos XIX e XX), história da cultura dos trabalhadores, história social da cultura e, mais recentemente, temas pautados em estudos africanistas. Desse modo, constitui-se um espaço de diálogo entre a historiografia e os interesses dos movimentos sociais, colocando a coleção como referência de divulgação científica em suas significativas contribuições para a compreensão da diversidade da formação cultural brasileira.

A partir dos conteúdos da Várias Histórias é possível renovar e ampliar as perspectivas historiográficas, assim como localizar os espaços de resistência às opressões que delinearam as relações sociais, políticas e culturais das populações no país, em especial as de origem africana, reconstruindo a narrativa da História do Brasil.

É evidente a relevância desse projeto no sentido de desmistificar a trajetória sócio-histórica brasileira. Portanto, essas produções significam registros importantes numa sociedade baseada em fake news como o é a contemporaneidade brasileira.

As obras publicadas representam um abundante repertório nos estudos da experiência escrava no Brasil, assim como nas análises em historiografia literária, em identidade e representação da mulher, em questões trabalhistas, em constituições e ações de movimentos sociais, entre outros temas. Tal panorama nos auxilia a perceber para onde estiveram voltados os olhares dos pesquisadores da área durante as duas últimas décadas.

Para desconstruir alguns mitos, desvendar fatos encobertos, compreender uma outra perspectiva histórica que supere as narrativas eurocêntricas, há 20 anos o Cecult, junto com a Editora da Unicamp, promove esse amplo espaço de resistência em forma de debate sócio-histórico.

Que venham outros 20 anos de produção científica pela frente, a fim de compreender com maior precisão os processos do passado que construíram o Brasil do século XXI.

Vida longa à Coleção Várias Histórias.

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