Café com conversa: Mudanças climáticas globais

 

Luis Fernando M. Costa para o Jornal da Unicamp

A crescente preocupação com as mudanças climáticas gera um cenário em que se antevê, de um lado, o risco de catástrofes ambientais e, de outro, a necessidade de adaptação da economia e da sociedade a uma nova configuração do clima, na qual as temperaturas tendem a ser mais elevadas. Esse foi o mote da terceira edição do programa-evento Café com Conversa, que reuniu o engenheiro agrícola Jurandir Zullo Júnior e o historiador Luiz Marques para debater sobre “Mudanças climáticas: consequências e perspectivas”, uma parceria da Editora da Unicamp, Secretaria de Comunicação da Unicamp e Casa do Professor Visitante. A gravação ocorreu no dia 18 de outubro e já está no ar.

Segundo o historiador Luiz Marques, vencedor do prêmio Jabuti pelo livro Capitalismo e colapso ambiental, publicado pela Editora da Unicamp, a enorme inquietação vivida nas décadas de 1960, 70 e 80 se deslocou para o momento atual. “Naquela época, dadas as proporções do crescimento populacional, esperava-se uma crise de fome global por volta do ano 2000, porém, com avanços tecnológicos na produtividade e no melhoramento genético, esse problema foi superado”, afirma. Hoje, em contrapartida, analisa Marques, a ciência enfrenta um novo impasse: encontrar alternativas capazes de fazer frente às mudanças climáticas e ao exorbitante crescimento demográfico.

Na perspectiva de Marques, o desequilíbrio ambiental encontra cumplicidade no funcionamento do sistema capitalista, pois este tem como pressuposto o constante crescimento. Para amenizar seus efeitos sobre o meio ambiente, o historiador defende uma mudança de paradigma, ou seja, um sistema cujo funcionamento que não se baseie no crescimento.

Em contrapartida, o engenheiro agrícola Jurandir Zullo Júnior propõe modos de adaptação às mudanças que estão por vir. Desde 2001, ele realiza estudos com diversas culturas existentes no Brasil.

Recentemente, num extenso projeto temático, multi e interdisciplinar, enfocou a cultura da cana-de-açúcar que, excepcionalmente, beneficiou-se dos efeitos das mudanças climáticas (temperaturas mais altas e aumento das chuvas). A pesquisa resultou no livro Planejamento da produção de cana-de-açúcar no contexto das mudanças climáticas globais, organizado por Zullo, André Tosi Furtado e Claudia Castellanos Pfeiffer, da Editora da Unicamp. A ideia do projeto, explica Zullo, foi realizar um estudo amplo acerca do impacto das mudanças climáticas na agricultura, a fim de incentivar estudos e fornecer soluções para assegurar a produtividade e a segurança alimentícia do país.

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