Por Ana Carolina Pereira
A palavra “filosofia” vem do grego Φιλοσοφία, traduzida literalmente como “amor pela sabedoria”. Ela surgiu da necessidade dos gregos de questionar e explicar o mundo a seu redor e acredita-se que Pitágoras foi seu criador. Com o passar do tempo, esse campo do conhecimento sofreu modificações e hoje são estabelecidos quatro períodos da filosofia: filosofia antiga, filosofia medieval, filosofia moderna e filosofia contemporânea. A filosofia moderna se estende do final do século XIV (com a morte de Petrarca) até metade do século XIX. Seu início é marcado pelas declarações dos primeiros humanistas, que queriam retomar os clássicos gregos e trazer luz a um período, considerado por eles, de trevas, que foi a Idade Medieval.
Para abordar esse período da filosofia, a Editora da Unicamp lançou o livro História da filosofia moderna, tradução da obra Storia della filosofia moderna, organizado por Giulia Belgioioso. Belgioioso lecionou história da filosofia na Universidade do Salento e na Universidade de Paris Sorbonne, sendo uma grande estudiosa do assunto. A obra original foi publicada como parte do projeto, também coordenado por Belgioioso, intitulado “Prin: Nuovi approcci al pensiero della prima età moderna: forme, caratteri e nalità del metodo costellatorio”, da Universidade de Salento, e propõe-se a ser um manual que aborda do início ao fim a filosofia moderna. História da filosofia moderna é o quarto livro da Coleção Fausto Castilho – Estudos, coordenada por Alexandre Guimarães Tadeu de Soares (UFU) e Oswaldo Giacoia Junior (Unicamp).
História da filosofia moderna é uma obra extensa, que aborda quase cinco séculos de história da filosofia. Com 27 capítulos, divididos em subcapítulos, o livro passa pelo Humanismo e pelo Renascimento (capítulo 1) e chega até Hegel (capítulo 27), “dando espaço às formas de comunicação científica na Idade Moderna (revistas científicas etc.) e figuras que uma tradição míope tradicionalmente manteve à margem, como Malebranche”. A divisão do livro em subcapítulos pretende auxiliar o estudo e a busca por uma informação específica. Além disso, o volume traz índice onomástico e um quadro sinótico, que “permite desenvolver uma consciência clara do desenvolvimento do pensamento moderno por meio dos filósofos e de suas obras”. Ademais, a presença de um quadro sinótico evita “cair no erro, a que um manual poderia induzir, de considerar a história da filosofia como uma reconstrução de um caminho progressivo de ideias, como se fosse um movimento que ocorre de forma linear”. Outro ponto que auxilia ainda mais o aprendizado de quem utiliza o manual é a presença, na sequência das respectivas apresentações, “das posições dos vários filósofos, das correntes de pensamento e dos debates”, de uma biografia atualizada, somada a fichas de análise de conceitos ou de momentos importantes do período estudado.
Segundo Belgioioso, História da filosofia moderna “dirige-se principalmente a alunos de graduação em filosofia e pode ser empregada para a formação de futuros professores e pesquisadores”. Contudo, não se restringe a isso, podendo ser utilizada também por pesquisadores de pós-graduação na busca por um objeto de pesquisa, e por leitores em geral que tenham curiosidade sobre os grandes pensadores. Nesse sentido, além de trazer o pensamento dos filósofos, o livro também trata das disciplinas ministradas nos cursos das escolas da Europa, analisa a modalidade de comunicação entre cientistas europeus e investiga “a difusão da filosofia cartesiana nas universidades, em círculos, assim como nos salões de toda a Europa (capítulo 9)”.
Os manuais são elaborados e escritos para oferecer os primeiros rudimentos, o conhecimento básico para quem começa a estudar uma disciplina. Nesse sentido, são uma ferramenta dirigida, em geral, aos jovens em idade escolar. No entanto, um manual de “história da filosofia” tem suas peculiaridades. Propõe-se, de fato, reconstruir a história de um objeto – a filosofia – que não pode ser facilmente definida. E isso por uma série de razões que aqui podemos apenas anunciar.
Em História da filosofia moderna, são abordados diversos conceitos e filósofos extremamente importantes não apenas para o período recortado, mas também para os dias atuais, como Montaigne, Francis Bacon, Galileu, Thomas Hobbes, Descartes, John Locke, Isaac Newton, David Hume, Hegel e muitos outros grandes nomes da filosofia moderna. Também são discutidos conceitos recorrentes em vários filósofos, como o jusnaturalismo, no capítulo 12. Para complementar os estudos, há, no final de cada capítulo, “uma bibliografia essencial, que contém, pela ordem, fontes, repertórios (quando presentes), estudos e sitografia (sites)”, o que ajudará os que desejam se aprofundar em um assunto específico.
Os capítulos foram escritos por especialistas reconhecidos internacionalmente, e a linguagem, própria de manuais, é bastante clara e sem hermetismos que poderiam prejudicar a compreensão do conteúdo por iniciantes na área. Mesmo com uma escrita clara e concisa, o livro consegue dar conta dos assuntos complexos que aborda e abrir portas para que o leitor se aprofunde nos temas que mais lhe interessar. Desse modo, História da filosofia moderna é uma obra bastante abrangente e pode ser utilizada por diferentes fases do estudo – leitores curiosos, graduação e pós-graduação –, sendo uma leitura imprescindível para estudantes e pesquisadores de filosofia.
Para saber mais sobre o livro, visite o nosso site!

Organizadora: Giulia Belgioioso
ISBN: 9788526815285
Edição: 1a
Ano: 2022
Páginas: 736
Dimensões: 16 x 23 cm