Por Ana Carolina Pereira
O Brasil passou por diversas modificações até ser o modelo político, econômico, cultural e social que conhecemos hoje. Desde a chegada dos portugueses, passando pelo processo de Independência, Proclamação da República, globalização e, finalmente, chegando até a era digital atual, conhecer a história brasileira ajuda-nos a entender esse movimento de transformação pelo qual o país passou e compreender como o passado pode influenciar o presente e o futuro.
Nesse contexto, Marcio Pochmann escreveu o livro Novos horizontes do Brasil na quarta transformação estrutural com a proposta de trazer um olhar renovado sobre a “compreensão do tempo histórico das grandes transformações estruturais ocorridas no Brasil” e discutir a atual grande transformação na qual o país se encontra. Economista, pesquisador, professor e político brasileiro, Pochmann é doutor em Ciências Econômicas e atualmente é professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele já foi presidente da Fundação Perseu Abramo e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O autor publicou muitas obras na área de economia, recebendo o Prêmio Jabuti em 2002 pelo livro A década dos mitos (2001), publicado pela Editora Contexto.
Novos horizontes do Brasil na quarta transformação estrutural é o terceiro livro da Série “Discutindo o Brasil e o Mundo”, concebida pela Editora da Unicamp com o objetivo de debater assuntos da atualidade, como a crise da democracia no Brasil e a ascensão do fascismo no mundo. Para isso, a Editora selecionou livros nacionais e traduzidos, com linguagem acessível a diferentes públicos, que fomentam discussões recentes. Assim, a Editora reforça o seu papel na defesa da democracia e da ciência e na difusão de conhecimento. É possível conferir outros livros da Série no site da Editora. Além disso, Novos horizontes do Brasil na quarta transformação estrutural é o primeiro livro do edital em comemoração aos 40 anos da Editora, que selecionou 15 obras de docentes e pesquisadores doutores da Unicamp.
A obra é dividida em cinco capítulos segmentados em subcapítulos, o que deixa a leitura mais dinâmica. O livro desenvolve uma argumentação diferente da visão difundida no Brasil de que “o presente seria uma espécie de reprodução do passado sem rupturas, uma espécie de linearidades repetitivas de acontecimentos”. O autor parte da ideia de que “a trajetória do Brasil pós-colonial deve ser compreendida a partir das grandes mudanças culturais, políticas, econômicas e sociais de um povo em formação e em busca de sua própria dignidade”, para discutir o Brasil contemporâneo com uma narrativa distinta da usual. Essa narrativa distinta aponta que o país está passando pela quarta transformação estrutural em seu período pós-colonial e compara essa transformação com a fundação da nação no início do século XIX e a passagem para o modo de produção capitalista no final desse mesmo século.
Pochmann define “grandes transformações” como “a temporalidade pela qual as estruturas que suportam a nação sofrem descontinuidade histórica, o que torna o cotidiano cada vez mais destoante da trajetória de experiência pregressa”, e parte das grandes transformações que marcaram o Brasil nos últimos dois séculos. A mudança de época, então, traria transformações para os símbolos culturais, os modelos de comportamentos, as organizações sociais e os sistemas de valores, e, nesse sentido, o livro discute a ideia de que essas grandes transformações impactam as gerações presentes e futuras, partindo de uma perspectiva teórica estruturalista que “acompanha a perspectiva teórica da contradição, da tensão e do conflito”.
Busca-se contemplar, em cada processo de grande transformação no Brasil pós-colonial, protagonistas cujo curso das ações foi realizado sem o prévio conhecimento do seu desfecho final. Ao mesmo tempo, destaca-se que o reatamento dos laços com o passado na perspectiva da grande transformação implica reconhecer a simultaneidade possível da ruptura nas estruturas da sociedade com a continuidade no plano dos acontecimentos do cotidiano enquanto embate de forças sociais.
Novos horizontes do Brasil na quarta transformação estrutural defende que a movimentação humana não deve ser simplificada em “personalidades e acontecimentos isolados” quando se trata de processos coletivos. Esta e as demais discussões presentes na obra são construídas com cuidado pelo autor, para não se cometerem anacronismos no tratamento da história do Brasil e dos grandes acontecimentos que moldaram e moldam o país. Além disso, para construir a argumentação do livro, primeiro são apresentados “os principais processos de transformação nacional”. Depois, o autor faz uma reflexão sobre os pontos mais marcantes de cada uma das grandes mudanças de época do Brasil, tendo em mente os três séculos de submissão colonial pela qual a nação passou. Por fim, é discutido o curso da quarta grande transformação estrutural do Brasil pós-colonial, pensando a atualidade do tempo histórico.
A obra de Pochmann surge em um momento em que o debate sobre o passado, o presente e, principalmente, o futuro do Brasil está em crescimento. Com as eleições e o novo presidente eleito, a população questiona as possíveis mudanças que podem ocorrer e modificar o país. Nesse contexto, a leitura de Novos horizontes do Brasil na quarta transformação estrutural é interessante para todos os públicos, não se restringindo ao ambiente acadêmico. A escrita clara e a leitura dinâmica também fazem com que a obra possa ser recebida por um público amplo. A publicação desse livro no ano em que se completa 200 anos do Pós-Independência do Brasil marca uma guinada importantíssima para os estudos sobre o país.
Para saber mais sobre o livro, visite o nosso site!

Novos horizontes do Brasil na quarta transformação estrutural
Autor: Marcio Pochmann
ISBN: 9788526815636
Edição: 1a
Ano: 2022
Páginas: 168
Dimensões: 16 x 23 cm