
Por Everaldo Rodrigues
Já está mais do que provado que uma alimentação balanceada é a base para o bom funcionamento do corpo. Estudos recentes têm demonstrado que a dieta, além de fornecer os nutrientes necessários à nossa sobrevivência, também tem influência sobre diversas funções no organismo, equilibrando-se em um complexo tripé com a genética e o estilo de vida. No livro Envelhecimento, saúde e cognição humana: importância da dieta, da genética e do estilo de vida, você entenderá como a alimentação tem uma atuação fundamental sobre fatores bioquímicos e fisiológicos relacionados à forma como envelhecemos.
Esse livro foi escrito por um grupo de especialistas: Valdemiro Carlos Sgarbieri, professor emérito da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA – Unicamp), Maria Teresa Bertoldo-Pacheco, professora e pesquisadora científica do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Maria Elisa Caetano-Silva, pós-doutoranda no mesmo instituto, além de Nádia Fátima Gibrim e de Denise Aparecida Gonçalves de Oliveira, professoras de nutrição na Universidade Paulista (Unip). Juntos, esses pesquisadores debruçaram-se sobre o que há de mais atual nos estudos acerca da genética, da senescência e das funções dos nutrientes dentro das células. O resultado é uma obra de divulgação científica que facilita o entendimento interdisciplinar relacionado à alimentação, à nutrição e à saúde.
A obra destaca os diversos fatores relacionados à gestão da vida humana desde o nascimento até a velhice, como os elementos genéticos (genoma, proteômica e metabolômica) e os elementos ambientais (alimentação, estilo de vida e inserção ambiental). Esses fatores podem ser diferentes para cada indivíduo e para determinadas populações. Por exemplo, os caracteres genéticos herdados dos pais e demais ancestrais podem permanecer relativamente estáveis ao longo da vida do descendente, mas, muitas vezes, determinados genes são ativados no DNA, gerando doenças, síndromes ou condições que afetam a longevidade. Dentro dos fatores ambientais, considerados controláveis até certo ponto, a alimentação é frisada como o elemento mais importante: diante do impacto recentemente descoberto de sua ação no funcionamento do corpo, ela representa um foco de análise que interessa não apenas aos estudos bioquímicos, mas também aos sociais, políticos e econômicos, visto que a desigualdade e os fatores regionais influenciam diretamente os níveis nutricionais de determinadas populações, o que impacta na forma como essas pessoas vivem e como envelhecerão.
De caráter multidisciplinar, integrando áreas como a biologia, a nutrição e a medicina, o livro divide-se em 11 capítulos e percorre um roteiro de conceituação, pormenorização e apresentação de problemas. Nos capítulos 1 e 2, os autores atualizam o leitor a respeito de pesquisas publicadas que detalham os fatores responsáveis pela degradação de células e tecidos, o que afeta diretamente o envelhecimento e impacta na saúde, na memória e na cognição. Dedicam também, nesses capítulos, uma atenção especial ao papel das mitocôndrias, fundamentais para o metabolismo energético, e à ação dos radicais livres, moléculas incompletas e instáveis liberadas no processo metabólico, que possuem um efeito reativo e danoso, sendo associadas a diversas doenças, como o câncer e as doenças de Parkinson e Alzheimer.
O capítulo 3 aborda a importância metabólica de alguns compostos não nutrientes, como os carotenoides, os polifenóis e as substâncias com enxofre, que estão presentes em diversos alimentos, especialmente os de origem vegetal. Chamados de “componentes não nutrientes da dieta”, esses compostos vêm sendo estudados desde meados do século XX e permanecem significativos como objeto de pesquisa graças ao papel que exercem na saúde e no combate a certas doenças. Estudos demonstram que “algumas dessas substâncias podem atuar nos metabolismos animal e humano de diferentes maneiras”, agindo como antioxidantes e anti-inflamatórios e cumprindo funções relevantes nos processos que podem levar à síndrome metabólica e às doenças crônicas.
No capítulo 4, os autores descrevem os componentes nutritivos e metabólitos que têm efeito direto sobre a memória e a cognição: as vitaminas, os ácidos graxos ômega-3 e a homocisteína (Hcy). Esses componentes podem inibir ou retardar o desenvolvimento de doenças crônicas relacionadas à idade e conectam-se diretamente com o tema do capítulo 5, que são os distúrbios do sono e quadros de depressão, problemas psicofisiológicos que têm uma conexão, ainda não completamente explicada, a disfunções e a doenças neurológicas, como Alzheimer, Parkinson e esquizofrenia. Deriva daí a importância não apenas de uma alimentação que supra os componentes nutritivos mencionados acima, como também de uma rotina de sono equilibrada, redutora de condições de toxicidade.
O capítulo 6 debruça-se sobre a complexa etiologia das doenças neurológicas já mencionadas (Alzheimer, Parkinson e esquizofrenia). Sendo doenças degenerativas e que geralmente se manifestam no ser humano por volta da meia-idade, elas dependem de fatores genéticos e nutricionais, além do estilo de vida, todos estes em uma amálgama ainda sob investigação. O objetivo do estudo é buscar uma forma de controlar ou evitar o progresso desses distúrbios, já que as curas ainda não foram descobertas.
Ligando-se ao tema da saúde do cérebro, os capítulos 7 e 8 tratam dos alimentos mais comuns que impactam favoravelmente o processo de envelhecimento e a cognição, como as frutas silvestres, as bebidas à base de ervas, além de componentes bioativos, como os lipídios, as proteínas e os peptídeos.
A síndrome metabólica, considerada um problema mundial, é aprofundada no capítulo 9. Tal síndrome torna propício o aparecimento de doenças, como a dislipidemia (colesterol ou gordura em níveis altos no sangue), doenças cardiometabólicas, diabetes e hipertensão, além de outras disfunções causadoras de uma série de problemas crônicos ligados ao envelhecimento, à perda de memória e ao declínio cognitivo. O mais importante, no entanto, é saber que a síndrome metabólica tem como principal causa a obesidade, especialmente devido à presença de gordura visceral. No texto, são analisadas diversas abordagens experimentais para o controle da obesidade e do sobrepeso, entre elas, a dieta, a suplementação alimentar e a restrição calórica, a qual, combinada a uma nutrição aperfeiçoada e a um estilo de vida saudável, resulta na forma mais eficaz de regulagem do peso corporal.
No capítulo 10, os autores focam em uma dieta característica das populações que vivem às margens do Mediterrâneo, a chamada “dieta mediterrânea”. Mundialmente famosa por garantir uma suposta longevidade a seus adeptos, tal já foi debatida em muitos artigos científicos e livros, baseados em dados que apontavam as expectativas de vida dos moradores da região Sul da Europa como uma das maiores do mundo. Nela, as taxas de doenças vasculares, os tipos de câncer e as doenças crônicas ligadas à nutrição têm níveis baixos em relação ao restante do continente europeu. No livro, os pesquisadores destacam o equilíbrio nutricional dos alimentos característicos da região, que consiste no consumo de alimentos de origem vegetal, como frutas, cereais, batatas, nozes e sementes, no azeite de oliva como principal fonte de gordura monoinsaturada, na ingestão de laticínios, nos consumos moderados de peixes – de acordo com a proximidade do mar – e de vinho – durante as refeições – e, por fim, na pouca ingestão de carne vermelha.
O capítulo 11, em contraponto, aborda os diversos problemas associados aos perfis alimentares ditos “ocidentais”, representados principalmente pelos países da Europa Ocidental e do Norte e das Américas do Norte e do Sul. Tais hábitos alimentares, resultantes de uma maior disponibilidade de alimentos industrializados prontos para consumo, do costume de comer fora de casa ou de uma preferência por pré-fabricados, apresentam características que favorecem o ganho de peso corporal, a obesidade e a síndrome metabólica, antecipando e até mesmo estimulando o aparecimento de doenças crônicas, como a hipertensão, a diabetes e os distúrbios neurológicos. Ao final do capítulo, é apresentada uma proposta de como a comunidade científica, o setor industrial de alimentos e os órgãos governamentais do país, em uma união de esforços e organização, poderiam melhorar a qualidade nutricional da população brasileira.
Nas “Considerações finais”, o livro ainda traz algumas lacunas que poderiam ser preenchidas por meio de novas pesquisas na área, como a investigação de doenças causadas por deficiências nutricionais de alguns microelementos ou oligoelementos, que só podem ser detectadas clinicamente, como a chamada “fome oculta”. Apresenta também, de forma breve, áreas como a nutrigenômica e a epigenética, que podem ser exploradas para compreender as causas e, de algum modo, controlar doenças crônicas a partir do desenvolvimento de dietas e alimentos adequados para indivíduos ou grupos que vivem em determinado ambiente ou que têm genótipos semelhantes. Campos que podem, no futuro, trazer ainda mais benefícios para o ser humano, sua nutrição e, por que não, também diminuir os efeitos negativos do envelhecimento.
Envelhecimento, saúde e cognição humana apresenta a base para pesquisadores e profissionais que desejam se aprofundar nos conhecimentos interdisciplinares da saúde e da alimentação. Essa característica multidisciplinar também serve a professores e a alunos das áreas da ciência alimentar, da nutrição, da farmacologia e da medicina que buscam integrá-las com o objetivo de ampliar o escopo de estudos acerca dos alimentos e de seu poder de tornar nossa vida melhor e mais longa.
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Envelhecimento, saúde e cognição humana
Autores: Valdemiro Carlos Sgarbieri, Maria Teresa Bertoldo-Pacheco, Nádia Fátima Gibrim, Denise Aparecida Gonçalves de Oliveira e Maria Elisa Caetano-Silva.
ISBN: 9786586253795
Edição: 1
Ano: 2021
Páginas: 336 p.
Dimensões: 23,00 x 16,00 x 2,00 cm.