Maria Eduarda Peloggia Lunardelli

Criada em 1945, em meio ao cenário devastador deixado pela Segunda Guerra Mundial e com o objetivo de garantir paz e segurança para a população dos países membros, a Organização das Nações Unidas (ONU) foi concebida a partir de alguns princípios básicos que, em tese, orientam a estruturação das nações para que elas possam funcionar e se desenvolver de maneira próspera e igualitária. Esses princípios se sustentam em três pilares (soberania nacional, igualdade entre povos e justiça e cumprimento das leis internacionais), que asseguram e validam a intervenção da Organização em casos que ameacem, sobretudo, a vida. Nesse sentido, para atingir seu objetivo principal – a conquista de um mundo próspero e pacífico –, suas ações tornam-se multifacetadas e abrangem diferentes áreas de atuação. Contudo, as práticas que as norteiam visam sempre: ampla garantia dos direitos humanos, sustentabilidade, erradicação da pobreza, efetivação e cumprimento das leis internacionais, cuidado com a população de refugiados, garantia de ajuda humanitária em casos de conflitos e desastres naturais e mitigação dos impactos do aquecimento global. 

Atualmente, 193 países são membros da ONU, atuando ativamente em suas conferências e se esforçando para cumprir as metas e os objetivos estabelecidos em conjunto. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por exemplo, são hoje uma das principais agendas globais adotadas pela Organização, estabelecendo 17 objetivos e 169 metas que auxiliam na construção de um futuro justo e sustentável até 2030. 

Por sua vez, os ODS, estabelecidos em 2015, apresentam ações que impactam diferentes áreas, desde a proteção ambiental até a garantia do acesso à educação e a igualdade de gênero. Assim, consolidaram-se como um apelo universal a governos, empresas e sociedades para que, dentro do período de 15 anos definido na época, as cinco dimensões do desenvolvimento sustentável – planeta, prosperidade, pessoas, parcerias e paz – sejam trabalhadas, aprimoradas e aplicadas para combater os maiores problemas da humanidade na atualidade.

Diante desse apelo, uma equipe de alunos de graduação e pós-graduação, juntamente com professores, desenvolveu o Programa Olhos no Futuro. Criado em 2018, o programa surgiu após um longo estudo sobre a Agenda 2030, o qual buscava compreender de que forma articulações interdisciplinares na tríade ensino-pesquisa-extensão poderiam contribuir para a efetiva implementação dos ODS na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de enfatizar a importância das vivências em projetos de extensão universitária para a formação de “agentes de transformação” na sociedade. Por meio das práticas de extensão, o projeto aproxima Universidade, escola e sociedade, permitindo ampliar a visão crítica dos alunos sobre a aplicação de seus conhecimentos teóricos e promovendo impactos reais na melhoria da qualidade de vida de todos. 

Compreendendo a importância do programa, os professores e pesquisadores Danúsia Arantes Ferreira, Roberta Ceriani e Luiz Carlos Pereira da Silva organizaram a obra Princípio educativo e práticas extensionistas do Programa Olhos no Futuro, que apresenta não apenas toda a trajetória do programa, mas também convida o leitor a refletir sobre a importância das práticas extensionistas para a Universidade e para a sociedade. 

Com pós-doutorado pela Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Unicamp e graduação em Pedagogia, Danúsia Arantes Ferreira é coordenadora do programa, atuando diretamente no “Laboratório Vivo de Sustentabilidade Energética Campus Sustentável”. Roberta Ceriani, livre-docente no Departamento de Desenvolvimento de Processos e Produtos da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp, é responsável pela coordenação dos projetos CANAlise, Bioleoásis e Esperançando. Por fim, Luiz Carlos Pereira da Silva, professor titular na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Unicamp, atua como coordenador do projeto Campus Sustentável, que proporcionou a inclusão das engenharias nas discussões do programa. 

O livro apresenta, então, a maneira como “o alinhamento aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é capaz de ampliar a contribuição das universidades públicas para a construção de um mundo melhor para as próximas gerações” (Antonio José de Almeida Meirelles). A obra é composta de quatro seções, cada uma formada por textos de diferentes autores que participaram ativamente das práticas do programa. 

A seção I, “A construção do Programa Olhos no Futuro”, apresenta o histórico do programa desde sua criação, em 2018, até sua consolidação como programa de extensão universitária da Unicamp. Na seção II, “Projetos do Programa Olhos no Futuro e Jornada Olhos no Futuro”, os sete projetos do programa – CANAlise, Desembalando, Energizar, Menstruação e Antropologia, Nosso Busão, ReciclaMente e SustentavelMente – e o evento Jornada Olhos no Futuro são explicados em detalhes. “Ampliação do Programa Olhos no Futuro”, a seção III, destaca os esforços feitos para dar novas dimensões ao programa, incluindo sua internacionalização. Por fim, a seção IV, “Entrevistas concedidas ao jornalista Antônio Inácio dos Santos de Paula”, traz entrevistas com pessoas importantes para a criação e o fortalecimento do programa, como Mario Ferreira Sarraipa, diretor da Escola Estadual Telêmaco Paioli Melges; Fernando Antonio Santos Coelho, pró-reitor de Extensão da Unicamp; e Luiz Carlos Pereira da Silva, coordenador do Campus Sustentável e diretor do Centro Paulista de Estudos da Transição Energética (CPTEn).

Diante da relevância do Programa Olhos no Futuro, o livro passa a integrar a Série Extensão Universitária – uma parceria entre a Editora da Unicamp e a Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura da Unicamp (ProEEC) –, que visa, assim como o programa, difundir os conhecimentos produzidos a partir de projetos extensionistas, destacando a importância dessas práticas para a Universidade e para a sociedade.  

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