Maria Eduarda Peloggia Lunardelli
Considerado como o pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico austríaco que revolucionou a forma como a mente humana passou a ser estudada, tratada e compreendida. Nascido em Freiberg in Mähren, no antigo Império Austro-Húngaro (atualmente Příbor, na República Tcheca), em uma família judaica, o neurologista sempre demonstrou inquietação em relação à religião e, por isso, optou por direcionar suas crenças à ciência.
O que inicialmente se traduziu em um grande interesse pelos estudos das leis e da ordem – o que o levou a ingressar no curso de Direito na Universidade de Viena –, logo se transformou em uma fascinação pelas ciências naturais, após o contato com as teorias darwinianas. Essa mudança de rumo fez com que o jovem Freud, com apenas 17 anos, trocasse de área e ingressasse na faculdade de Medicina, iniciando assim um caminho inovador e transformador no campo das ciências médicas.
Sempre interessado em pesquisa científica, Freud conciliava a prática médica com seus estudos. Em 1855, realizou uma de suas viagens mais importantes, que definiria os rumos de suas futuras teorias. Viajou à França para trabalhar com Jean-Martin Charcot, respeitado médico psiquiatra do Hospital Salpêtrière, com o objetivo de compreender a histeria e os métodos utilizados em seu tratamento. Foi nesse contexto que teve seu primeiro contato com a hipnose – técnica que aprimorou e sobre a qual desenvolveu seus primeiros textos a respeito dos traumas recalcados e seus efeitos no presente.
A partir daí, Freud aperfeiçoou suas técnicas, abandonou a hipnose e passou a recorrer a outros métodos de análise de pacientes – mais eficazes e clinicamente comprováveis. Com isso, construiu as bases da psicanálise e, ao longo dos anos, publicou uma vasta obra teórica e analítica sobre sua invenção.
Estudos sobre a histeria (1895), A interpretação dos sonhos (1899), A psicopatologia da vida cotidiana (1901) e Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905) são apenas alguns dos muitos textos que compõem sua obra. Embora alguns conceitos e terminologias utilizados por Freud – como o uso da hipnose ou o termo “neurose” – tenham sido superados pela medicina, seu pensamento segue como pilar fundamental da psicanálise e continua influente nas ciências humanas, ao abordar temas como o inconsciente, a sexualidade, os desejos, a cultura e os transtornos psíquicos.
Dada a relevância das teorias psicanalíticas freudianas para a compreensão do ser humano em diferentes contextos históricos, estudiosos e especialistas seguem revisitando, explicando e debatendo sua obra, tanto para esclarecer seus fundamentos quanto para aprimorar os métodos e proposições freudianas.
Com o intuito de facilitar o acesso a produções acadêmicas qualificadas que dialogam criticamente com o legado de Freud, a Editora da Unicamp disponibiliza em seu catálogo livros que aprofundam a compreensão sobre a psicanálise. Os títulos a seguir revisitam, questionam e expandem aspectos específicos das teorias psicanalíticas e constituem excelente material de apoio para pesquisadores e estudantes. Confira:
Escrito por Gustavo Adolfo Ramos Mello Neto e publicado em 2003, Angústia e sociedade na obra de Sigmund Freud é o primeiro livro do autor lançado pela Editora da Unicamp.
Professor associado da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e psicólogo clínico de orientação psicanalítica, Mello Neto é graduado pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). Seus principais interesses de pesquisa incluem: psicanálise, teoria psicanalítica e psicopatologia psicanalítica.
Angústia e sociedade na obra de Sigmund Freud analisa o conceito de angústia na obra de Freud e sua relação com a forma que é constituída a vida em sociedade. O livro é dividido em duas partes: na primeira, examina o que é e de onde vem a angústia; na segunda, discute como a teoria da angústia se transformou ao longo do tempo, em diálogo com as teorias culturais e sociais.
Publicado em 2008, também por Gustavo Adolfo Ramos, Histeria e psicanálise depois de Freud amplia o conhecimento sobre a histeria a partir da psicanálise, indo além dos textos clássicos de Freud.
Mais de cem anos após a publicação de Estudos sobre a histeria (1895), o autor oferece novas leituras e interpretações sobre o fenômeno. O livro propõe uma revisão crítica das ideias freudianas sobre a histeria e elabora uma teoria atualizada que serve de base à prática clínica contemporânea em psicologia e psicanálise.
Em Obsessão e psicanálise depois de Freud (2012), Gustavo Adolfo Ramos examina o conceito de obsessão na psicanálise após Freud, abordando suas releituras contemporâneas.
A obra apresenta manifestações clínicas da obsessão, como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), e analisa as formas pelas quais a psicanálise compreende e trata os comportamentos compulsivos atualmente. Obsessão e psicanálise depois de Freud constrói pontes entre o pensamento de Freud e de autores contemporâneos, oferecendo ao leitor novas perspectivas sobre o entendimento clássico da obsessão.
Escrito por Fernanda Silveira Corrêa e publicado em 2016, Filogênese na metapsicologia freudiana propõe uma reflexão sobre como Freud relacionou a história evolutiva das espécies (filogênese) com o desenvolvimento psíquico do indivíduo (ontogênese).
Corrêa é psicóloga, mestre e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com doutorado em Filosofia da Psicanálise. Além de psicanalista, é professora e orientadora no Mestrado Profissional em Educação Sexual da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), em Araraquara. Suas pesquisas abrangem psicanálise, psicopatologia, metapsicologia, corpo e subjetividade, filogênese, entre outros temas.
Filogênese na metapsicologia freudiana examina como Freud articulou conceitos da biologia, da filosofia e da antropologia para construir sua teoria da filogênese psíquica, explorando temas como a sexualidade, a metapsicopatologia e a formação do sujeito.
Publicado pela Editora da Unicamp em 2015, Freud: o movimento de um pensamento, de Luiz Roberto Monzani, apresenta uma análise filosófica do pensamento freudiano a partir de duas abordagens distintas.
Professor convidado do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Monzani é graduado e doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), com pesquisas voltadas à história da filosofia moderna e à epistemologia da psicanálise.
O livro Freud: o movimento de um pensamento argumenta que Freud, ao longo de sua produção, não abandonou suas ideias iniciais, mas as desenvolveu e superou, compondo um pensamento dinâmico, pendular e espiralado. A obra contribui para o entendimento do movimento interno das ideias freudianas e seu processo contínuo de elaboração.
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