Maria Vitória Gomes Cardoso
A economia política é um campo de estudo que investiga todo o processo econômico e sua relação com a sociedade. Essa ciência consolidou-se entre os séculos XVIII e XIX e seu objeto de estudo é o processo de geração de riquezas. O termo “economia política” foi usado pela primeira vez pelo francês Antoine de Montchrétien em seu livro Traité de l’economie politique (Tratado de economia política), publicado em 1615.
A história da economia brasileira começou com a violenta colonização do país, caracterizada pela exploração intensiva e desumana dos povos indígenas e africanos. No século XVI, por exemplo, a principal atividade econômica no Brasil era o cultivo da cana-de-açúcar, concentrado principalmente na região Nordeste. Os engenhos de açúcar utilizavam extensivamente a mão de obra escrava africana, que foi trazida em grande número para substituir a mão de obra indígena, dizimada por doenças e pela violência colonial. O açúcar brasileiro tornou-se um dos principais produtos no mercado europeu, gerando considerável riqueza para a Coroa portuguesa e para os senhores de engenho locais.
Após o declínio do açúcar no mercado internacional, a economia brasileira passou por muitas outras transformações significativas, como a corrida do ouro em Minas Gerais e a ascensão do café como principal produto de exportação. A partir do século XX, o Brasil começou a diversificar sua economia, deixando de ser exclusivamente um exportador de produtos primários para se tornar uma economia mais industrializada e complexa.
Segundo dados divulgados pelo IBGE em junho de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,8% em relação ao último trimestre de 2023. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo setor de serviços, com destaque para o comércio varejista e os serviços pessoais, que se beneficiaram do aumento do consumo das famílias. Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais, destacou que esses fatores foram determinantes para a variação positiva do PIB.
É fundamental ressaltar que os impactos do cenário econômico na sociedade são profundos e variados, influenciando aspectos como desigualdade social, desemprego, fome, acesso à educação, saúde, habitação, segurança pública e mobilidade social. No caso do Brasil, esses impactos são especialmente relevantes devido a sua complexa estrutura socioeconômica. Pensando na importância desse campo de estudos para a sociedade brasileira, a Editora da Unicamp destacou, neste texto, dez livros que irão auxiliar os leitores que desejam saber mais sobre a política econômica do Brasil. Conheça-os!
Publicada em 2023, a obra O Brasil no capitalismo do século XX, de Marcio Pochmann e Luciana Caetano da Silva, descreve a formação do capitalismo no país, desde a colonização portuguesa até a sociedade capitalista neoliberal atual. Ao abordar temas como a colonização, o sistema escravista, os períodos monárquico e republicano, e a ascensão do neoliberalismo, o livro proporciona ao leitor uma compreensão abrangente dos múltiplos fatores que influenciaram a economia brasileira ao longo do tempo. A leitura é indicada para todos aqueles que estudam economia e história do Brasil e a obra ganhou notoriedade ao ser indicada como finalista no Prêmio Jabuti Acadêmico 2024, na categoria Economia.
Marcio Pochmann e Luciana Caetano da Silva são doutores pela Unicamp. Ele é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp e, atualmente, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e ela é professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Marcio Pochmann também é autor de Novos horizontes do Brasil na quarta transformação estrutural, título apresentado logo abaixo.
Novos horizontes do Brasil na quarta transformação estrutural, de 2022, é o terceiro livro da Série Discutindo o Brasil e o Mundo, concebida pela Editora da Unicamp com o objetivo de debater assuntos da atualidade. O livro oferece ao leitor uma narrativa distinta da usual do Brasil contemporâneo, a partir da hipótese de que a nação se encontra diante de uma profunda mudança de época. A quarta transformação estrutural do Brasil pós-colonial equipara-se tanto à fundação da nação no início do século XIX quanto à passagem para o modo de produção capitalista no final desse mesmo século.
Economista, pesquisador, professor e político brasileiro, o autor, Marcio Pochmann, é doutor em Ciências Econômicas e já foi presidente da Fundação Perseu Abramo e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Sobre moeda, método e Keynes reúne artigos publicados ao longo da carreira da economista pós-keynesiana Victoria Chick, abordando questões essenciais para a compreensão da teoria e metodologia econômicas. O livro, publicado em 2010, apresenta duas temáticas distintas, porém complementares, que permeiam a maioria dos trabalhos da autora aqui reunidos: a construção de uma visão teórica alternativa à ortodoxia e a valorização das particularidades históricas das teorias econômicas.
Victoria Chick é renomada por suas contribuições ao entendimento da Teoria Geral de Keynes e ao estabelecimento da economia pós-keynesiana no Reino Unido e em outros lugares. Além de livros, publicou uma ampla gama de artigos sobre política e teoria monetária, metodologia e economia de Keynes.
Política fiscal e desenvolvimento no Brasil, publicado em 2007 pela Editora da Unicamp, busca, por meio de seus artigos, iluminar as diversas dimensões da questão fiscal, além de analisar questões relativas ao superávit primário, ao déficit nominal e ao estoque da dívida pública. A obra aborda as formas de tributação, o perfil dos gastos públicos, a estrutura de endividamento, a regulamentação das contas públicas e as repercussões do aparato estatal na dinâmica da economia brasileira.
Márcio Percival Alves Pinto possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo, além de mestrado e doutorado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas. Geraldo Biasoto Jr. também possui graduação, mestrado e doutorado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas.
A Série Clássicos da Inovação apresenta ao público brasileiro obras que se tornaram clássicos no estudo da inovação e seus determinantes. Entre os temas abordados estão o papel central da empresa na inovação, a contribuição essencial do mundo acadêmico no avanço do conhecimento e na formação de cientistas e técnicos, e as políticas públicas que podem estimular a inovação tecnológica. Esses tópicos são fundamentais para que o Brasil desenvolva políticas eficazes que promovam o desenvolvimento sustentável baseado no conhecimento.
O livro Da imitação à inovação foi publicado originalmente em inglês como Imitation to innovation: the dynamics of Korea’s technological learning, no ano de 1997. Seu autor, Linsu Kim, que faleceu em 2003, era professor da Escola de Administração de Empresas da Universidade de Columbia e do Massachusetts Institute of Technology dos EUA, consultor do Banco Mundial, presidente da Korean Society for Technology Management and Economics e coordenador do Conselho de Reforma do governo de seu país.
Nessa obra, Kim explora o cenário sul-coreano e o processo de aprendizagem tecnológica do país. Ele detalha a trajetória das indústrias automobilísticas, de produtos eletrônicos, de semicondutores e das pequenas e médias empresas, analisando estudos de caso específicos e delineando as implicações da experiência sul-coreana para outros países.
O livro A economia da inovação industrial, publicado pela Editora da Unicamp em 2009, é uma tradução de André Luiz Sica de Campos e Janaina Oliveira Pamplona da Costa. Originalmente lançado em 1974 pela Penguin Books, a obra de Chris Freeman e Luc Soete oferece uma análise histórica dos avanços tecnológicos e seu impacto econômico. Os autores destacam exemplos significativos de ganhos em produtividade decorrentes da combinação de inovações técnicas e organizacionais e exploram as condições que favoreceram essas inovações bem-sucedidas.
Christopher Freeman (1921-2010) foi um economista britânico amplamente reconhecido como um dos pioneiros da Escola de Estudos de Inovação do pós-guerra. Luc Soete, coautor do livro, é um economista belga que atualmente é professor e reitor da Escola de Governança de Bruxelas. Além de suas funções acadêmicas, Soete é membro do Conselho Consultivo da University of Sussex Business School e do Conselho Consultivo do Instituto UNU de Estudos Comparativos de Integração Regional, em Bruges, Bélgica.
As fontes do crescimento econômico, de Richard R. Nelson, publicado em 2006 pela Editora da Unicamp, reúne dez ensaios notáveis que se destacam pela clareza e pela habilidade de transmitir teorias complexas em Economia de maneira acessível, sem depender de numerosas equações algébricas ou fórmulas geométricas complicadas.
Originalmente apresentados como artigos em revistas acadêmicas ou como capítulos em obras coletivas, esses textos elucidam de forma clara as conexões entre o avanço tecnológico e o crescimento econômico, a teoria schumpeteriana da inovação e da concorrência oligopolista, e o papel da ciência no progresso técnico contemporâneo. Alguns dos ensaios contam com a colaboração de especialistas renomados, como Robert Merges, Nathan Rosenberg e Gavin Wright. Richard R. Nelson é um professor americano de economia na Universidade de Columbia, sendo uma das principais figuras no renascimento da economia.
Mudança técnica e transformação industrial, de Giovanni Dosi, oferece pelo menos duas abordagens distintas: uma sólida análise teórica dos padrões de mudança técnica nas economias capitalistas avançadas contemporâneas, com foco no desenvolvimento da indústria de semicondutores, e uma valiosa reconstrução histórica desse mesmo desenvolvimento. O autor explora detalhadamente o comércio internacional desse setor e os investimentos externos das grandes multinacionais envolvidas.
Originada das pesquisas de Dosi para sua tese de doutorado na Universidade de Sussex, a obra foi publicada na Inglaterra, em 1984, e teve sua edição brasileira lançada em 2006, como parte da Série Clássicos da Inovação, com tradução de Carlos D. Szlak. Giovanni Dosi é professor de economia e diretor do Instituto de Economia da Scuola Superiore Sant’Anna, em Pisa. Reconhecido por suas contribuições fundamentais para o avanço da ciência e tecnologia, ele figura na lista de Pesquisas Altamente Citadas do ISI e é membro correspondente da Accademia Nazionale dei Lincei, a mais antiga academia de ciências da Itália.
Por dentro da caixa-preta é uma obra composta por 12 ensaios organizados em quatro seções, que abordam questões cruciais e contemporâneas para estudiosos do desenvolvimento econômico e tecnológico em níveis nacional, regional e setorial. Publicado originalmente em 1983, o livro continua a ser amplamente lido e consultado por milhares de pessoas interessadas nas interações entre ciência, tecnologia, economia e política nos países mais avançados e desenvolvidos. Essa edição brasileira foi publicada pela Editora da Unicamp em 2006 e traduzida por José Emílio Maiorino.
O autor, Nathan Rosenberg (1927-2015), foi professor de economia da Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA). Bastante conhecido internacionalmente e autor de vasta obra, principalmente sob a forma de artigos em revistas científicas especializadas, ele publicou antes deste os livros Technology and American economic growth em 1972 e Perspectives on technology em 1976, e mais tarde Exploring the black box: technology, economics and history (1994).
Do mesmo autor de Por dentro da caixa-preta, mas dessa vez com a coautoria de David C. Mowery, Trajetórias da inovação procura apresentar os aspectos que propiciaram o desenvolvimento tecnológico dos Estados Unidos no século XX. Publicado originalmente com o título Paths of innovation: technological change in 20th-century America, em 1998, foi lançado no Brasil pela Editora da Unicamp em 2005, com tradução de Marcelo Knobel.
David C. Mowery é professor na Haas School of Business, Universidade da Califórnia, Berkeley. Ele também é coautor, com Nathan Rosenberg, de Technology and the pursuit of economic growth (Cambridge University Press, 1989), editor de The international software computer industry (1996) e coeditor de Sources of industrial leadership (com Richard R. Nelson). Nathan Rosenberg foi professor de economia na Universidade de Stanford. Ele é o autor de Perspectives on technology (1976), Inside the black box (1983) e Exploring the black box (1994), todos publicados pela Cambridge University Press.
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Os livros referenciados aqui são excelentes materiais para quem deseja entender melhor a política econômica do Brasil. A variedade de obras é extensa, abrangendo desde títulos mais introdutórios até aqueles mais aprofundados para especialistas no assunto.
A Editora da Unicamp conta com um vasto catálogo de livros acadêmicos de diversas áreas, como, por exemplo, a de Economia e a de Administração, que juntas contam com obras extremamente importantes e diversas para o campo das Ciências Sociais Aplicadas. Acesse o site da Editora da Unicamp e conheça o catálogo.
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