Bienal de São Paulo e a América Latina – trânsitos e tensões (1950-1970)

Por Maria Vitória Gomes Cardoso

Entre setembro e dezembro de 2023, aconteceu a 35a Bienal de São Paulo, uma exposição de artes que ocorre a cada dois anos na capital paulista, desde 1951. O evento é considerado um dos três principais do circuito artístico internacional, junto com a Bienal de Veneza e a Documenta de Kassel. Trata-se, portanto, de um evento de grande importância para a representação artística do continente sul-americano e para os países da América Latina. 

Reconhecendo a relevância dessa exposição, Maria de Fátima Morethy Couto publicou seu mais novo livro pela Editora da Unicamp: Bienal de São Paulo e a América Latina – trânsitos e tensões (1950-1970). A obra é estruturada em seis partes: introdução, em que a autora salienta os objetivos de seu estudo; quatro capítulos que explicam detalhadamente a história da Bienal de São Paulo (que jamais adotou uma postura latino-americanista, mas mesmo assim causou um grande impacto na América Latina); e, por fim, as considerações finais, além de uma abrangente bibliografia.

Maria de Fátima Morethy Couto é doutora em História da Arte e Arqueologia pela Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne) e professora titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde leciona história da arte moderna e contemporânea.  A autora presidiu o Comitê Brasileiro de História da Arte (gestão 2010-2013) e publicou, também pela Editora da Unicamp, a obra Por uma vanguarda nacional (2004). Além disso, coorganizou os seguintes livros: Instituições da arte (2012), Espaços da arte contemporânea (2013), História das artes em exposições (2016), Histórias da arte em coleções (2016) e Histórias da arte em museus (2020).

Em 20 de outubro de 1951 foi inaugurada a 1a Bienal de São Paulo, inspirada na Bienal de Veneza, que já era realizada desde 1895. No livro, a autora investiga o surgimento desse evento no Brasil, em um momento em que São Paulo vivia uma grande aceleração urbana, registrando a maior concentração de brasileiros vindos de outros estados. O título discute as repercussões desse evento não apenas na América Latina, mas como ele foi recebido lá fora também, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Durante as décadas de 1950 e 1960, outros circuitos artísticos foram constituídos na América do Sul, e, no livro, a autora nos apresenta a eles e mostra como esse processo se deu ao longo dos anos.

A Bienal de São Paulo certamente intensificou e diversificou esses trânsitos de ideias, obras e pessoas, desempenhando, em suas primeiras edições, papel fundamental na difusão da arte abstrata, em suas mais variadas correntes, não apenas no Brasil como em toda a América Latina. Inspirada na Bienal de Veneza,ela foi a primeira mostra do gênero, com estrutura e escala similares, a ser realizada fora da Europa, modificando a vida cultural brasileira e contribuindo de modo decisivo para a inserção da cidade de São Paulo na rota do circuito artístico internacional.

Além de analisar a recepção da Bienal de São Paulo fora do Brasil, a escritora também discorre sobre a recepção do trabalho de artistas latino-americanos na Bienal de Veneza, sendo o Brasil um dos países que mais representaram seus artistas nesse evento. No último capítulo, ainda, a doutora em História da Arte investiga as polêmicas em relação ao sistema de premiação posto em prática por esses espaços de legitimação. Desse modo, trata-se de um excelente material para os historiadores e críticos da arte que procuram entender as movimentações e os embates provocados por esses eventos artísticos de grande porte.

É uma obra relevante também para quem deseja conhecer a história das bienais ao redor da América do Sul e a importância que esses eventos tiveram no panorama cultural regional ou mesmo internacional, sem contar na grande gama de artistas apresentados pela autora, ampliando, assim, o repertório artístico dos leitores. Algumas bienais que são abordadas no livro, além das de São Paulo e Veneza, são as de Córdoba, Havana, Mercosul e também a latino-americana, que teve apenas uma edição em 1978, por conta das críticas que sofreu na época. 

Desse modo, o livro Bienal de São Paulo e a América Latina – trânsitos e tensões (1950-1970) mostra-se um material fundamental tanto para estudiosos e profissionais da área quanto para quem se interessa por arte e quer entender melhor a história da arte contemporânea no continente sul-americano. 

Para saber mais sobre o livro, visite o nosso site!

Bienal de São Paulo e a América Latina – trânsitos e tensões (1950-1970) 

Autora: Maria de Fátima Morethy Couto

ISBN: 978-85-268-1612-1

Edição: 1a

Ano: 2023

Páginas: 224

Dimensões: 14 x 21 cm

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