
Flavio Pereira Ferraz, professor de educação básica em São Gabriel da Cachoeira, foi um dos educadores a receber em mãos os exemplares do livro com as redações selecionadas. Na opinião de Ferraz, o livro aponta para a importância de incentivar os estudantes indígenas a escreverem na medida em que a escrita textual indígena deve ser sistematizada, tanto quanto a oralidade ou outras formas de escrita indígena. “A escrita para nós, povos indígenas, sempre existiu, do nosso modo, com grafismos por exemplo, mas essa escrita acadêmica vem fortalecer a presença indígena na universidade. Por isso, essa iniciativa é valorosa, serve como uma forma de o pensar acadêmico indígena ganhar força nas universidades, o que nos coloca em uma posição desde a qual temos condições de escrever bem e de produzir bons textos acadêmicos”, afirmou o educador.
Segundo a coordenadora acadêmica da Comvest, Márcia Mendonça, a publicação permite ao público em geral dar-se conta da qualidade dos textos produzidos pelos candidatos e candidatas de 2023. “Mais do que uma vitrine de bons textos, temos uma coleção preciosa: de diferentes modos de atender a uma proposta de escrita, por meio de vozes vindas de todos os cantos do Brasil, algumas das quais estarão presentes na universidade nos próximos anos. Esperamos que o livro auxilie professores e estudantes na preparação para os desafios da prova, ao apresentar possibilidades de escrita. Também desejamos que seja conhecido pelas comunidades que apoiam, ao longo dos anos, esses estudantes, alicerce fundamental para a vida acadêmica”, disse.
O estudante Sebastian Cruz Torres, candidato ao curso de Engenharia da Computação na Unicamp pelo Vestibular Indígena 2024, prestigiou o evento de lançamento do livro e falou sobre suas expectativas. “Eu gosto muito da minha cidade, porém não tenho muitas oportunidades para me desenvolver academicamente por aqui. Então, estou buscando oportunidades fora daqui, mas sempre pensando que, futuramente, eu poderei retornar e ajudar minha própria região”, afirmou.
A iniciativa de incluir, pela primeira vez na publicação, textos oriundos do Vestibular Indígena significa, de acordo com a Comvest, valorizar a produção textual em suas várias categorias de avaliação. “Esses saberes são exigidos de todos os estudantes que ingressam na Unicamp, ainda que a partir de diferentes modelos. O Vestibular sempre esteve atento às demandas e pautas contemporâneas que envolvem a maneira de se posicionar dos povos indígenas sobre suas realidades, e o livro, nesse novo modelo, significa um grande avanço”, afirmou José Alves de Freitas Neto, diretor da Comvest.

Melvino Fontes, chefe do departamento de Educação e Patrimônio Cultural da Foirn, afirmou durante sua fala no evento que o livro dá visibilidade ao trabalho desenvolvido pelos estudantes na Unicamp.
“Vejo isso como mais uma oportunidade de incentivar nossos jovens a ingressar na universidade. Ficamos agradecidos pela parceria e pela Unicamp estar em nosso território, mostrando o trabalho que vem desenvolvendo junto a nossos estudantes indígenas. Esperamos que a parceria se fortaleça pelo bem viver dos povos indígenas e comunidades tradicionais, principalmente aqueles que vivem no interior”, disse Fontes.
A prova do Vestibular Indígena 2024 será realizada no dia 14 de janeiro, em seis cidades do país: Campinas (SP), Campo Grande (MS), Recife (PE), Santarém (PA), São Gabriel da Cachoeira (AM) e Tabatinga (AM).
Para ler a entrevista no site do Jornal da Unicamp, clique aqui.
Redações 2023: Vestibular Unicamp e Vestibular Indígena
Organização: Comvest
Edição: 1ª
Ano: 2023
Páginas: 152
Dimensões: 14 cm x 21 cm